top of page

Desmistificando as asanas


Há aproximadamente 2 anos que a Maya nasceu. E há aproximadamente 3 anos que toda a minha prática física teve que ajustar-se à gravidez e à maternidade por inúmeras razões.

Nem sempre foram e são momentos fáceis de adaptação já que para mim a prática de Yoga e a prática das asanas são práticas individuais e por vezes bastante solitárias.


Admito com algum espanto que me impressionam as mães que afirmam: “Eu faço Yoga com o meu bebé.” ou “Mesmo que ele chore ou vá para o meu tapete eu continuo a minha prática.” Pois é! Confesso que não me identifico nada com estas mães...Tomo conta da Maya 24 horas por dia e não consigo fazer asanas com total consciência com ela a chorar, a pedir-me atenção ou a querer trepar para cima de mim! Acabo por fazer Yoga para bebés e a deixar para segundo plano a minha prática individual.


No entanto, a Maya e eu estamos cada vez mais maduras...

É verdade que perdi/ganhei imenso tempo a explicar-lhe que preciso de praticar sozinha... e agora, recentemente, ela começa a perceber e a dar-me o tempo e o espaço que preciso! É muito engraçado e gratificante quando me apercebo que ela já sabe fazer imensas posturas com apenas 22 meses e que já canta o Om de pernas cruzadas com as palmas das mãos juntas em frente do coração. E tudo isto sem dizer-lhe como se faz ou como se canta! Ela apenas observa e livremente o faz.


O meu corpo também amadureceu imenso. O corpo mudou e a consciência também.



Pratico asanas regularmente desde 2013 e sinto que apesar do meu corpo ter mudado e ainda não conseguir fazer algumas posturas que anteriormente fazia com mais facilidade, outras partes do meu corpo ganharam um novo espaço e permitem-me agora explorar outras posturas com mais maturidade.


Quando digo que o meu corpo mudou é porque igualmente a minha consciência mudou! Agora algumas partes do meu corpo fazem mais sentido estarem recolhidas e outras mais abertas. E isto está em total sintonia com a minha mente!

Na verdade, para praticar asanas, para além da prática diária ser fundamental, é a consciência do próprio corpo que conta. Como eu e uma amiga minha dizemos: “Não é asana, é manasana (manas=mente, asanas=posturas)”.


Por vezes, imensas posturas parecem difíceis aos nossos olhos, mas quando dispensamos algum tempo a praticá-las e a desmistificá-las tomando consciência do nosso corpo e das nossas próprias limitações, conseguimos! E é tão fácil!

Já vi imensas pessoas praticarem posturas até à exaustão sem conseguirem realizá-las porque a mente e a consciência não estavam lá! Outras até conseguem com um treino desmesurado, e muitas vezes só passado alguns anos é que reparam nas lesões que têm no corpo porque mais uma vez a mente e a consciência não estavam lá.


Quando a mente e a consciência estão lá não precisamos de treinar até à exaustão. Aprendemos a ouvir o nosso corpo e a trabalhar outras posturas que vão abrindo e criando espaço passo a passo. De repente, sem aquela ambição louca de se ser contorcionista, respeitando o nosso corpo e utilizando apenas 70% das nossas capacidades, conseguimos! E sim! É mesmo fácil! É uma questão de fluir e unir corpo, mente e consciência.


Só assim teremos uma postura estável e confortável, como dizia Patanjali.

Bem hajam mãezinhas! Bem hajam corpos e mentes maduras!




bottom of page