Olá, como vamos nesta Primavera? Espero que quentinhos e floridos. Avançamos para o final de uma trilogia de artigos que têm como tema Comer Bem e neste caso vamos encerrá-la a falar de Comida Biológica.
Se queremos tratar bem do nosso corpo queremos comer bem! E se comermos comida de época, que seja cultivada perto de nós, já estamos bem encaminhados. E se a nossa comida for produzida por um “sistema que tenha uma visão holística, que promova e melhore a saúde do ecossistema agrícola, ao fomentar a biodiversidade, os ciclos biológicos e a actividade biológica do solo. E que privilegia o uso de boas práticas de gestão da exploração agrícola, em lugar do recurso a factores de produção externos, tendo em conta que os sistemas de produção devem ser adaptados às condições regionais. E sempre que possível através do uso de métodos culturais, biológicos e mecânicos em detrimento da utilização de materiais sintéticos.” Pois esta é a definição de agricultura biológica da FAO (Food and Agriculture Organization - Organização das Nações Unidas) em 1999.
Isto seria realmente uma mudança de paradigma tendo em conta o estado da agricultura convencional que alimenta ¾ da população mundial. Gosto de acreditar que caminhamos neste sentido mas não creio que se trate da definição típica de uma exploração de um agricultor biológico. A verdade é que desde o que está escrito em papéis até á prática vão um número de camadas de burocracia que tornam a qualidade dos produtos biológicos muito inconstante. Por isso, existe alguma desconfiança para com estes produtos. Não podemos deixar de acreditar na boa vontade das pessoas e confiarmos acima de tudo no nosso instinto quando vamos obter comida. Por mais variações que haja da lei, certificação, controlo e boa vontade em cada país/região há aspectos que são mais comuns em agricultura biológica e que nos garantem maior segurança alimentar e vontade de pagar um pouco mais (pouco a pouco vai baixando) pois estamos a fazer melhor por nós e pelo planeta que nos alberga.
O respeito ambiental que se encontra em explorações biológicas é muitíssimo maior que na agricultura convencional. Só o facto de não se recorrer à aplicação de pesticidas e adubos químicos de síntese, nem ao uso de organismos geneticamente alterados, mostra grandes diferenças. Também é possível encontrarmos casos em que se utilize métodos preventivos e culturais tais como as rotações, os adubos verdes, a compostagem, as consociações, a preservação de sementes e a instalação de sebes vivas por exemplo.
Se pensarmos em qualidade do produto encontramos muitas diferenças a favor da agricultura biológica. A produção animal biológica pauta-se por normas de ética e respeito pelo bem-estar animal, praticando uma alimentação adequada à sua fisiologia e facultando condições ambientais que permitam aos animais expressar os seus comportamentos naturais e não recorre ao uso de hormonas nem antibióticos como promotores de crescimento. Com a responsabilidade que a indústria agropecuária tem na qualidade da água de superfície e subterrânea as alternativas aos métodos de produção de carne são cruciais. Também a produção vegetal não traz resíduos de químicos alguns e tem um valor nutricional muitíssimo mais alto e sem perigos de saúde para o consumidor.
As decisões cabem a cada UM. Para mim é claro que tenho que continuar a informar-me e partilhar conhecimento cada vez mais, que não quero consumir muita comida processada mas quero vegetais e frutas colhidos de ecossistemas saudáveis! Que quero e devo produzir o máximo possível da comida de com quem vive comigo consome, e de saber de onde vem e como é feita a comida que não posso produzir!
Com isto prefiro consumir/trocar/contribuir para com vários micro-sistemas que salvaguardem a saúde dos produtores, que evitem o contacto com químicos nocivos e preservem o ambiente da contaminação de poluentes e que vejam, acima de tudo, A COMIDA com respeito. E isso, felizmente, encontramos em bastantes pessoas bonitas que vivem no nosso país que se chamam ou lhes chamam agricultores biológicos, horticultores ou permacultores. Convido-vos a procurem bem por eles e a estabelecerem ligações com quem produz boa comida. Porque esse será o caminho para Comer Bem.
Comer Bem Parte I - Comida da Época. Lê aqui.
Comer Bem Parte II -Comida Local. Lê aqui.